Adolescente pede ajuda ao postar foto de geladeira vazia em Várzea Grande, no Mato Grosso

Por Cristiano Rodrigues 20/03/2021 - 18:07 hs

Um adolescente de 14 anos, da cidade de Várzea Grande, no Mato Grosso comoveu a internet ao postar a foto da geladeira da família vazia, em uma rede social. Para proteger os avós de 60 e 65 anos, com quem mora, e evitar que eles saiam durante a pandemia de Covid-19, Rafael Henrique Nascimento trabalha vendendo salgados na rua, mas, com as restrições durante esse período, o movimento caiu.

O adolescente fez a publicação na rede sociais na terça-feira (16). "Eu vendo salgados no Cristo Rei, mas pela Covid-19 caiu muito as vendas. Sei que está difícil as coisas, mas venho pedir ajuda a vocês para comprar comida e alimentos", pediu. O faturamento, por dia, de cerca de R$ 70 era a única renda da casa.

Junto com o texto, ele postou fotos da geladeira vazia, da bicicleta que usa para as vendas e do pé operado do seu avô. Rafael contou que, três dias após a publicação, a família já havia recebido alimentos e uma reforma na bicicleta, que tinha vários problemas. O depoimento tem mais de 3 mil compartilhamentos. 

O adolescente contou que pedir ajuda foi sua única saída. "Gosto muito de trabalhar. Minha avó não gosta muito que eu trabalhe, mas eu vou assim mesmo. Sempre ajudei em casa e nunca passamos por uma crise como essa”, disse. A avó, Neurang Freitas, afirmou que não sabia que o neto havia pedido doações, e que ficou muito comovida quando os alimentos começaram a chegar. "Ele sempre foi assim, se vê faltando algo, toma atitude”, relatou. 

Situação difícil

Segundo os avós, eles estão com duas mensalidades do aluguel atrasadas. Uma filha do casal ajudava nas rendas, mas ficou desempregada devido à pandemia. A despesa mensal da casa, que é alugada, é de cerca de R$ 1 mil. Além disso, os idosos têm problemas de saúde, como diabetes, hipertensão e depressão, e estão no grupo de risco da Covid-19.

A avó conta que Rafael começou a trabalhar aos dez anos. Desde os doze, ele passou a ser a maior fonte de renda da casa, após o avô passar por uma cirurgia no pé. Ele já trabalhou como churrasqueiro, vendedor de roupas e em outros serviços. 

O adolescente costuma sair às 6h para vender os salgados e volta para casa à tarde, quando estuda. As aulas ocorrem à distância, devido à pandemia. Rafael foi criado pelos avôs após ser entregue aos três meses de vida, por falta de condição financeira dos pais. Para ele, o trabalho é uma forma de retribuir o carinho dos avôs. 

O adolescente conta que seu objetivo é cursar a faculdade de administração e montar uma rede de lanchonetes. "As pessoas têm que se cuidar e nunca desistir dos sonhos, porque as dificuldades passam. Uma hora posso estar vendendo salgados e outra sendo dono de uma rede de lanchonetes”, disse.