Solução barata: uma boa hidratação pode retardar o envelhecimento

Estudo norte-americano relaciona ingestão adequada de líquidos à redução de morte precoce e diversas doenças crônicas, como diabetes e demência

Por Cristiano Rodrigues 08/01/2023 - 08:11 hs

Ter um envelhecimento mais saudável é uma preocupação para grande parte dos brasileiros. Entre diversos tratamentos de alto custo, pesquisadores encontraram uma solução mais acessível e barata: beber água.

Um estudo dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos, publicado na eBioMedicine, mostrou que adultos que ficam bem-hidratados parecem viver por mais tempo e mais saudáveis – tornam-se menos propensos a desenvolver doenças crônicas, como insuficiência cardíaca, diabetes e demência.

"Os resultados sugerem que a hidratação adequada pode retardar o envelhecimento e prolongar uma vida livre de doenças", disse a autora do estudo, Natalia Dmitrieva, em comunicado.

No total, a pesquisa contou com 11.255 adultos e se estendeu por um período de 30 anos. Os cientistas analisaram as ligações entre os níveis séricos de sódio (que aumentam quando há uma menor ingestão de líquido) de cada voluntário e diversos indicadores de saúde.

Eles também avaliaram as informações dadas pelos voluntários após cinco consultas médicas, sendo duas quando eles estavam com 50 anos e as demais na faixa etária entre 70 e 90 anos.

Foram excluídas do estudo as pessoas que tinham doenças subjacentes, como obesidade, que poderiam afetar os níveis séricos de sódio.

Para entender a ligação da boa hidratação com o envelhecimento mais saudável, os autores revisaram 15 marcadores de saúde, entre eles a pressão arterial sistólica, colesterol e açúcar no sangue, que mostram como está o funcionamento do sistema cardiovascular, respiratório, metabólico, renal e imunológico.

O estudo também ajustou os resultados a diferentes fatores, como idade, raça, tabagismo e hipertensão.

Os resultados demonstraram que adultos que mantiveram os níveis mais altos de sódio sérico (o comum é entre 137 mEq/L e 142 mEq/L) mostravam sinais de um envelhecimento mais precoce.

Por exemplo, uma pessoa com nível de 142 mEq/L, considerado normal, teve um risco de 10% a 15% maior de não corresponder a sua idade cronológica e ser biologicamente mais velho.

Já aqueles que mantiveram as faixas em 144 mEq/L (acima do recomendado) tiveram esse risco aumentado para 50%, quando comparados aos que permaneceram na média normal.

Não apenas isso, os níveis entre 144,5 mEq/L e 146 mEq/L foram associados a um aumento de 21% na chance de morte prematura, também quando comparados às médias normais.

Adultos com níveis acima de 142 mEq/L também enfrentaram um aumento de 64% no risco de desenvolver doenças crônicas, como insuficiência cardíaca, AVC (acidente vascular cerebral), fibrilação atrial, doença arterial periférica, doença pulmonar crônica, diabetes e demência. 

Apesar de o estudo não mostrar uma relação causa e efeito direta, os pesquisadores esperam que outras pesquisas evidenciem qual a é "hidratação ideal" para promover um envelhecimento saudável e uma vida mais longa em qualquer situação.

"O objetivo é garantir que os pacientes estejam ingerindo líquidos suficientes, enquanto se avalia fatores, como medicamentos, que podem levar à perda de líquidos", diz Manfred Boehm, outro autor do estudo.

E acrescenta: "Os médicos também podem precisar adiar o plano de tratamento atual do paciente, [por exemplo], limitar a ingestão de líquidos para insuficiência cardíaca."

Natalia ainda observa que grande parte das pessoas pode e deve aumentar a ingestão de líquidos (com água, sucos ou frutas, por exemplo) de forma segura – para chegar aos níveis recomendados. Isso pode evitar problemas futuros para os sistemas de saúde.

"Em nível global, isso [níveis acima do comum] pode ter um grande impacto", alerta a autora do estudo.

Vale lembrar que a recomendação geral da OMS (Organização Mundial da Saúde) é que adultos saudáveis tomem, no mínimo, dois litros de água por dia.

No entanto, um estudo publicado na revista Science mostrou que o consumo diário ideal varia e depende, por exemplo, da idade, tamanho, composição corporal, situação socioeconômica e características ambientais (latitude, altitude, temperatura e umidade do ar) de cada pessoa. Portanto, deve ser adaptado segundo à própria realidade.