Polícia investiga morte de grávida de nove meses no Recife; família e maternidade divergem versões

Recém-nascida, bebê está em estado grave no Hospital Memorial Guararapes

Por Cristiano Rodrigues 11/05/2023 - 08:26 hs

A Polícia Civil de Pernambuco (PCPE) é responsável pelas investigações da morte de Raquel Pedro da Silva, de 29 anos. A mulher deu entrada na Policlínica e Maternidade Professor Barros Lima, no Recife, na última segunda-feira (8) e, na madrugada desta quarta-feira (10), morreu no local. Ela estava grávida de 41 semanas, à espera de Brenda, que foi retirada em uma cesariana de emergência e está na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal do Hospital Memorial Guararapes. O estado de saúde da criança é grave.

Familiares de Raquel e a Secretaria de Saúde (Sesau) da Prefeitura do Recife, responsável pelo gerenciamento da Policlínica e Maternidade Professor Barros Lima, contam histórias diferentes sobre o que aconteceu. 

O esposo de Raquel e pai da recém-nascida, Breno Pereira dos Santos Júnior, disse estar com “o coração torado no meio” com o que vem enfrentando desde as primeiras horas do dia, e relembrou a queda da esposa, que ocasionou um traumatismo craniano e a levou à morte. Ele estava com a mulher há dois anos e essa foi a primeira criança do casal.

“Ela estava com muita dor e em trabalho de parto. Tava colocando muita força para a menina sair, mas não saía. Eu deixei ela deitada na maca, porque ela tinha pedido para eu chamar o médico para ver se ele poderia fazer a cesárea. Aí fui chamar ele. Quando voltei, ela já estava no chão. Ela caiu da maca. E depois que ela caiu foi que fizeram a cesárea”, relembrou o homem, que disse que Raquel já havia recebido remédios da equipe médica para induzir o parto normal e, mesmo fazendo força, não estava tendo respostas satisfatórias. A “bolsa”, segundo ele, estourou aos seus pés.

Reforçando a versão da família, o irmão dele e cunhado de RaquelBruno Pereira dos Santos, questionou a ausência de profissionais acompanhando a grávida e disse que a mulher já havia solicitado intervenção para uma cesariana e o pedido não foi atendido. À essa altura, Brenda já pesava em torno de quatro quilos. 

“Como é que a mulher está na sala de pré-parto e não tem um médico para acompanhar nem nada? Foi uma queda da cama para o chão e ela estava com o rosto cortado e acho que já em óbito. Ela tinha pedido para que o parto fosse cesárea, porque a bolsa já tinha estourado, mas eles não queriam fazer. A criança estava com quatro quilos. Era pra ter feito cesárea, mas eles não quiseram, aí acabou acontecendo essa tragédia”, afirmou.

Por meio de uma nota, a Sesau deu outra versão, alegando que a queda havia acontecido no banheiro e que a mulher estava bem antes do trauma. E também reforçou que a morte aconteceu somente após a retirada da bebê.

“Ela estava bem, sem contrações antes do incidente traumático, e por isso a indicação era de parto normal. Somente pelo fato de ter havido o incidente traumático é que houve a necessidade de uma cesariana de urgência. Duas enfermeiras a socorreram no banheiro do quarto. Não houve, portanto, queda de maca. A morte ocorreu após o procedimento cirúrgico e em razão do traumatismo craniano”, disse a Sesau. A equipe médica ainda tentou reanimar Raquel durante 35 minutos, mas ela não resistiu.

Além de BrendaRaquel deixa outros cinco filhos, sendo um adolescente de 16 anos e meninas de seis, oito, nove e 13 anos.

Como está Brenda
Ainda na Policlínica e Maternidade Professor Barros Lima, onde nasceu, Brenda foi entubada, por conta da falta de oxigênio. Depois, ela foi encaminhada para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal do Hospital Memorial Guararapes. Até o fechamento desta matéria, o estado de saúde da criança era grave.

Investigação

PCPE, em nota, disse que “registrou na noite desta quarta-feira, uma morte a esclarecer” e que “de acordo com informações iniciais, a vítima deu entrada no hospital com 41 semanas de gestação, e após uma queda, sofreu um traumatismo craniano, houve tentativa de reanimação, mas a vítima foi a óbito”, trouxe a corporação, assegurando que “a investigação segue em andamento até o esclarecimento dos fatos”.