Eleições nos EUA têm cerca de 100 milhões de votos antecipados

Por Cristiano Rodrigues 03/11/2020 - 20:14 hs

Os Estados Unidos chegaram a esta 3ª feira (2.nov.2020), dia oficial de eleição presidencial, com cerca de 100 milhões de votos depositados antecipadamente, por correio ou pessoalmente. Os dados são do U.S. Elections Project, da Universidade da Flórida. O número exato registrado até 3h04 da madrugada (horário de Brasília) é de 99.657.079 votos.

Os 50 Estados norte-americanos e a capital aceitam votos antecipados. Os eleitores podem enviar seus votos pelo correio ou depositar em urnas antes do dia do pleito.

Os quase 100 milhões de votos correspondem a 72,7% de todos os votos (136,7 milhões) da última eleição presidencial norte-americana, em 2016.

A pandemia de covid-19 impulsionou o voto pelo correio, 63,9 milhões de eleitores usaram este meio para votar e 35,7 milhões votaram presencialmente.

A votação antecipada favorece o candidato democrata e ex-vice-presidente Joe Biden. Ele está à frente do atual presidente, o republicano Donald Trump, com 10 pontos percentuais de vantagem. Na última eleição presidencial, em 2016, o republicano acordou no dia decisivo 4 pontos percentuais atrás de Hillary Clinton. Perdeu no voto popular, mas acabou eleito no Colégio Eleitoral.

Se houver algum fato que faça eleitores de Biden mudar de ideia, os que já depositaram seus votos não terão como alterá-lo.

Trump sugeriu, em setembro, que os eleitores votem duas vezes: pelo correio e presencialmente. O incentivo do presidente vai contra a lei dos EUA, que proíbe votação intencional em duplicidade.

A possibilidade de votar pelo correio e as diferenças regras e metodologias adotadas em cada Estado tornam incerto quando o resultado da eleição norte-americana será conhecido.

Dos 50 Estados norte-americanos, só 8 esperam publicar o resultado na 3ª feira (3.nov), dia da votação presencial. Outros 19 devem divulgar na 4ª feira (4.nov), enquanto outros 2 devem fazê-lo na 6ª feira (6.nov). Outros 21 não souberam informar a data para o fim da contagem –isso porque a pandemia provavelmente atrasará a divulgação dos resultados. Além disso, 22 Estados e o Distrito de Columbia permitem que as cédulas cheguem depois de 3 de novembro.

Outro fator que pode atrasar ainda mais os resultados finais do voto popular é que o aumento na votação por correio pode levar a mais votos provisórios –aumentando a quantidade que deverá ser contada posteriormente. Em alguns Estados, os eleitores que têm a elegibilidade para votar questionada podem votar “provisoriamente”, ou seja, seu voto só é considerado quando a elegibilidade for confirmada. Os resultados nunca são oficiais até a certificação final –que é realizada em cada Estado nas semanas seguintes ao pleito.

Nenhuma unidade federativa permite que cédulas recebidas depois do dia da eleição sejam contadas –o que, teoricamente, limitaria os atrasos na contagem. Ou seja: apenas alguns Estados aceitam cédulas depois de 3 de novembro, desde que tenham sido postadas até o dia das eleições.

Além disso, cada unidade da Federação tem regras diferentes para processamento e contagem de votos. O pré-processamento refere-se ao processo em que funcionários eleitorais abrem envelopes, verificam as assinaturas, desamassam os papéis e separam as cédulas. Já a tabulação é o momento da soma da contagem de votos.

VOTO POR CORREIO: COMO FUNCIONA

Os cidadãos podem escolher o futuro presidente dos EUA direto de casa –e desde setembro. O motivo para a escolha da nova modalidade para o pleito deste ano: a pandemia.

O Distrito de Columbia e 9 Estados enviam as cédulas de forma automática. Já em outros 41, os cidadãos precisam pedir para receber os papéis em casa. Em Carolina do Sul, Indiana, Louisiana, Mississippi, Tennessee e Texas os moradores precisam até mesmo justificar para votar por meio do correio.

A contagem dos votos será feita por máquina. O aparelho é capaz de escanear o código de barras da cédula e o respectivo voto marcado. Funciona como o cartão resposta de uma prova, em que a opção é marcada em caneta em 1 pequeno espaço. Segundo especialistas, estes equipamentos conseguem digitalizar cerca de 16.000 cédulas por hora.

A máquina lê os votos e os envia para 1 software que auxilia na verificação. Mas os resultados não são divulgados até depois do fechamento das urnas em papel e eletrônicas utilizadas no dia da eleição. Os eleitores podem checar pela internet a situação do seu voto. Se foi validado e confirmado. Na maioria dos Estados, o governo disponibiliza uma plataforma para acompanhar o passo a passo da cédula.

Mesmo com a recomendação de que os votos sejam depositados com a maior antecedência possível, o grande volume de cédulas deve chegar até o último momento, prolongando o processo de contagem.

ESTADOS-CHAVE

Se uma unidade federativa inicia mais cedo o processo de tabulação dos votos, a probabilidade de que os resultados saiam na noite de eleição é mais alta. É o caso da Flórida (29 delegados) e de Arizona (11 delegados), que começaram, respectivamente, em 24 de setembro e 7 de outubro.