Jornalismo



Rádios, jornais, televisões e sites estão cheios de conteúdo jornalístico. Apesar dessa convivência contínua, você realmente sabe o que é jornalismo e qual o seu papel na sociedade?

O que é e onde surgiu?

O jornalismo surgiu no mundo por volta do século XVII, como uma consequência da invenção de Gutenberg, a prensa de tipos móveis, que foi usada para iniciar a impressão em massa.

A técnica inovadora, juntamente com a formação de estados nação (países), deu início a publicações periódicas conhecidas como jornais.

Na primeira fase do jornalismo (1789-1830), bandeiras políticas eram levantadas e o conteúdo podia ser considerado político e literário, sendo muito difícil diferenciar fato de opinião.

No Brasil, o jornalismo chegou apenas no início do século XIX, de forma tardia.

Já na segunda fase (1830-1900), houve a separação do jornalismo opinativo do informativo. Os jornais tornaram-se mais objetivos e profissionais.

A terceira fase (1900-1960) é conhecida como “era da cartelização” e é marcada pela padronização do noticiário e a divisão em editorias.

Já a quarta, e última (1960-atualmente) marca a crise da imprensa escrita a partir do avanço da tecnologia, e da percepção do jornalismo como uma profissão condenada.

Entretanto, durante todos esses séculos, o jornalismo sempre pode ser compreendido pela frase do empresário William Randolph Hearst: “Jornalismo é publicar tudo aquilo que alguém não quer que se publique. Todo o resto é publicidade”.

Sendo assim, é importante um jornalista profissional entender quais são as suas responsabilidades na sociedade.

Ética Jornalística

Um Código de ética é um acordo que estabelece os direitos e deveres de uma categoria profissional. Sendo assim, de acordo com o artigo 9º do Código de Ética do Jornalista, é dever do profissional:

  • Divulgar todos os fatos que sejam de interesse público;
  • Lutar pela liberdade de pensamento e expressão;
  • Defender o livre exercício da profissão;
  • Valorizar, honrar e dignificar a profissão;
  • Opor-se ao arbítrio, ao autoritarismo e à opressão, bem como defender os princípios expressos na Declaração Universal dos Direitos do Homem;
  • Combater e denunciar todas as formas de corrupção, em especial quando exercida com o objetivo de controlar a informação;
  • Respeitar o direito à privacidade do cidadão;
  • Prestigiar as entidades representativas e democráticas da categoria;

Além disso, o código também deixa claro que o compromisso fundamental do jornalista é com a verdade dos fatos e que ele não deve se pautar por interesses individuais. Portanto, o papel do jornalista é levar informação apurada e de interesse público para a população.

O jornalismo fortalece uma democracia?

A resposta é sim!

Oswaldo Martins Estanislau do Amaral, cientista político e professor na Unicamp, afirma que: “Não há democracia sem liberdade de imprensa”.

Para que a profissão possa ser exercida de maneira plena, é necessário que os profissionais possam atuar de maneira livre e democrática. Isto é, podendo exercer críticas e questionamentos em relação ao governo e as políticas públicas vigentes.

Um exemplo de um período sem liberdade de empresa foi a ditadura militar brasileira, período em que o país não possuiu uma democracia e diversos jornalistas foram perseguidos, presos e torturados.

Por isso, também está expresso no Código de Ética, que o jornalista não deve concordar com a prática de perseguição ou discriminação por motivos sociais, políticos, religiosos, raciais, de sexo e de orientação sexual.

De acordo com a ONU Brasil, em vídeo divulgado em seu canal no Youtube, nenhuma democracia está completa sem acesso à informação transparente e confiável.

O crescente ataque ao jornalismo no mundo

“Eu vivia a ilusão de que a verdade é um escudo protetor do jornalista. E ela não é esse escudo tão protetor assim”, avalia a repórter Elvira Lobato à Agência Pública.

Apesar da contribuição de muitos jornalistas  em levar conteúdo de qualidade para a população, a profissão está sendo constantemente atacada pela sociedade e por altos cargos de liderança.

“As fakes news são conteúdos deliberadamente falsos, que mimetizam a notícia e são distribuídas em redes sociais com o intuito de gerar algum benefício político ou econômico” afirma Rodrigo Flores, diretor de conteúdo do portal UOL.

Entretanto, os ataques estão ultrapassando os limites verbais e tornando-se agressões físicas.

A ONG RSF (Repórteres sem Fronteiras) é responsável por defender internacionalmente a liberdade de informação. A organização afirma que em 2019, 34 jornalistas, oito jornalistas cidadãos e dois assistentes de mídia foram mortos enquanto exerciam a profissão.

Além disso, 236 jornalistas, 137 jornalistas cidadãos e 17 assistentes de mídia foram presos.

E o Brasil?

Nos últimos onze meses, nenhum jornalista foi morto ou preso em solo brasileiro. Entretanto isso não significa que a liberdade de impressa não corre perigo.

De acordo com a Classificação Mundial da Liberdade de Imprensa 2019, o Brasil caiu três posições, ocupando, agora, a posição 105 na lista de 180 nações.

A ONG aponta:

“Ameaças, agressões, assassinatos…O Brasil continua sendo um dos países mais violentos da América Latina para a prática do jornalismo. Em 2018, ao menos quatro jornalistas foram assassinados no país em decorrência da sua atividade profissional. Na maioria dos casos, esses repórteres, locutores de rádio, blogueiros e outros comunicadores mortos cobriam e investigavam tópicos relacionados à corrupção, políticas públicas ou crime organizado, particularmente em cidades de pequeno e médio porte em todo o país, nas quais estão mais vulneráveis.

(…) O direito ao sigilo das fontes já foi questionado em diversas situações no país e muitos jornalistas e meios de comunicação são alvos de processos judiciais abusivos.”

Como o jornalismo pode sobreviver?

“Jornalismo é lidar todo dia com a contradição – e aceitá-la. É fazer o leitor entender que o contraditório é construtivo, um processo de crescimento numa democracia, mesmo que o momento seja de polarização ideológica.” A frase pertence a Sérgio Dávila, diretor de Redação do jornal Folha de S.Paulo, e ilustra bem o cenário atual do jornalismo, principalmente no Brasil.

A pluralidade de opiniões, uma apuração rigorosa, e a relevância da informação serão os responsáveis pela sobrevivência do jornalismo.

Os jornais devem voltar a ser um ponto de referência, o local onde as pessoas podem buscar confirmação de notícias e informações.

Além disso, instituições como a ONU e a UNESCO vem promovendo ações de proteção aos jornalistas e a liberdade de imprensa. Ato que deve ser seguido pelas nações para garantir um pleno acesso à informação.

Cristiano: Apaixonado por história e comunicação, acredita que a informação é um direito de todos e quer levar conteúdo de qualidade a diferentes públicos em todo o Nordeste.