Passado quase 24 horas do primeiro debate presidencial dos Estados Unidos, que tiveram Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, e Donald Trump, ex-mandatário, frente a frente, o desemprenho do líder norte-americano segue repercutindo. Ele estava abaixo do esperado e gerou preocupação do Partido Democrata, que admitiu que Biden não foi bem neste primeiro confronto contra seu principal adversário. “Eu não caminho com tanta facilidade como antes. Eu não falo tão fluentemente como antes. Eu não debato tão bem quanto antes,” admitiu Biden a seus apoiadores em comentários inusitadamente confessionais. “Mas eu sei como dizer a verdade. Eu sei como fazer este trabalho,” disse ele sob grandes aplausos, prometendo: “quando você é derrubado, você se levanta”. Não foi só ele que admitiu seu mal desempenho, sua campanha também seguiu na mesma linha. “Você prefere ter uma noite ruim do que um candidato com uma visão ruim”, disse o diretor de comunicação da campanha de Biden, Michael Tyler, a repórteres no Air Force One na sexta-feira (28). A secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, confirmou que Biden teve um resfriado e dor de garganta na quinta-feira à noite. “Ele teve um começo um pouco lento”, disse Jean-Pierre.
Apesar da repercussão sobre uma possível saída de Biden da disputa eleitoral, Tyler disse que a campanha “não teve conversas” sobre esse assunto, e que o democrata está comprometido em aparecer em um segundo debate com Trump em 10 de setembro. O desempenho foi tão abaixo que o jornal The New York Times, o mais influente dos Estados Unidos, pediu nesta sexta-feira (28) ao presidente Joe Biden, em um editorial, que desista da campanha pela reeleição e permita que outro democrata desafie Donald Trump nas eleições de novembro. Descrevendo Biden como “a sombra de um grande servidor público”, o conselho editorial do diário afirmou que o debate da noite anterior entre Biden e Trump mostrou que o mandatário de 81 anos “não passou seu próprio teste”. “O maior serviço público que o senhor Biden pode fazer agora é anunciar que não continuará se candidatando à reeleição”, acrescentou. Mas essa não parece ser uma decisão que Biden vai tomar, nem mesmo Trump acredita que ele irá desistir da corrida eleitoral. “Eu realmente não acredito nisso porque ele se sai melhor nas pesquisas do que qualquer um dos outros democratas”, disse o republicano nesta sexta.
O democrata segue confiante que ele é o homem certo para vencer as eleições presidenciais de novembro.”Vocês viram o Trump ontem à noite? Meu palpite é que ele estabeleceu um novo recorde para a maioria das mentiras contadas em um único debate,” disse Biden. “Donald Trump é uma ameaça genuína para esta nação. Ele é uma ameaça à nossa liberdade. Ele é uma ameaça à nossa democracia. Ele é literalmente uma ameaça para tudo o que os Estados Unidos representam”. Trump também retornou à campanha nesta sexta-feira, falando em um comício na Virgínia e lançando seus habituais ataques a Biden em um discurso divagante. O problema “não é a idade dele, é a competência,” disse Trump. “A pergunta que cada eleitor deve fazer a si mesmo hoje não é se Joe Biden pode sobreviver a uma performance de debate de 90 minutos, mas se os Estados Unidos podem sobreviver a mais quatro anos do corrupto Joe Biden.”
Um novo democrata?
Forçar uma mudança na chapa seria politicamente complicado, e Biden teria que decidir abandonar a disputa para abrir caminho para outro candidato antes da convenção do partido no próximo mês. Biden venceu esmagadoramente as primárias, e os 3.900 delegados do partido que se dirigem à convenção em Chicago estão comprometidos com ele. Se ele sair, os delegados teriam que encontrar um substituto. Um candidato forte – mas não automático – para substituir Biden seria sua vice-presidente, Kamala Harris, que defendeu lealmente sua performance no debate.
*Com informações da AFP e EFE