Além de rejeitarem a companhia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a quem ambos chamam de corrupto e comunista, o presidente da Argentina, Javier Milei, e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), compartilham também o perfil contemporâneo de políticos de direita antissistema, que mobilizam multidões nas ruas e nas redes sociais. Os dois defendem a redução da presença do Estado na economia e na vida dos cidadãos. O combate rigoroso ao crime organizado e a resistência do Ocidente contra ditaduras de esquerda, o terrorismo e o chamado globalismo são pautas comuns.
As
semelhanças entre eles começam a diminuir, contudo, quando abordam o apoio à
Ucrânia na guerra contra a Rússia, defendida por Milei, ou em questões da
chamada pauta de costumes, uma bandeira ostensiva de Bolsonaro. Embora ambos
sejam contrários ao aborto, o libertário argentino mostra ser mais tolerante
com novos arranjos familiares do que o ex-presidente brasileiro, além de dar
maior ênfase às liberdades individuais. De acordo com especialistas consultados
pela Gazeta do Povo, apesar das diferenças ideológicas, ambos representam a
força crescente da direita na América Latina, que se repete em outras partes do
mundo.
Na sua
primeira visita ao Brasil após ser eleito presidente da Argentina, Milei
participará no próximo fim de semana da quinta edição do Conferência de Ação
Política Conservadora (CPAC Brasil), a versão brasileira do Conservative
Political Action Conference (CPAC), maior evento conservador dos Estados
Unidos, que alcançou a marca de 50 edições. O evento em Balneário Camboriú (SC)
será o palco do reencontro entre Milei e Bolsonaro desde a posse do líder
argentino em dezembro. Milei optou por prestigiar o CPAC Brasil de forma
pessoal, em vez de comparecer oficialmente à cúpula dos presidentes do
Mercosul, que será realizada no domingo (7) e na segunda-feira (8) em Assunção,
no Paraguai, e deve ter a presença do presidente Lula.