LONDRES/LAGOS/SARAJEVO (Reuters) - Um dia depois de os norte-americanos terem votado em uma eleição acirrada, o restante do mundo aguardava ansioso, nesta quarta-feira, pela contagem de milhões de votos, diante de um risco crescente de dias ou mesmo semanas de incerteza jurídica.
A declaração antecipada de vitória do presidente Donald Trump na Casa Branca foi condenada por alguns especialistas políticos e grupos de direitos civis, que alertaram sobre o atropelo de normas democráticas de longa data.
A maioria dos líderes mundiais e chanceleres ficou em silêncio, tentando não adicionar combustível à fogueira eleitoral.
“Vamos esperar para ver qual será o resultado”, disse o secretário de Relações Exteriores britânico, Dominic Raab. “Obviamente, há uma quantidade significativa de incerteza. Acredito que está muito mais apertado do que muitos esperavam.”
Mas, enquanto Raab e outros defendiam cautela, o primeiro-ministro esloveno parabenizou Trump e o Partido Republicano via Twitter.
“Está muito claro que o povo americano elegeu @realDonaldTrump e @Mike_Pence por mais 4 anos”, escreveu Janez Jansa, um dos vários líderes do Leste Europeu, incluindo Viktor Orban, da Hungria, que são aliados fervorosos de Trump. “Parabéns pelos bons resultados.”
A contagem mais recente de votos mostrava o democrata Joe Biden com uma vantagem no Colégio Eleitoral - 224 contra 213, com 270 necessários para a vitória - mas a apuração ainda precisa ser concluída em pelo menos cinco importantes Estados: Pensilvânia, Michigan, Wisconsin, Carolina do Norte e Geórgia.
No Twitter, as hashtags #Trump, #Biden e #USElections2020 bombaram da Rússia ao Paquistão, Malásia ao Quênia e em toda Europa e América Latina, enfatizando o quanto todas as regiões do mundo veem o resultado como fundamental.
Na Rússia, acusada por agências de inteligência dos EUA de tentar interferir nas eleições, não houve reação oficial.
Na Austrália, multidões assistiram aos resultados enquanto bebiam cerveja em um bar americano em Sydney.
Alguns destacaram as ramificações da eleição nos EUA em todo o mundo. “Acho que afeta a todos nós, o que acontece lá realmente importa nos próximos quatro anos aqui”, afirmou o morador de Sydney Luke Heinrich.
A China, cujas relações com os Estados Unidos chegaram ao pior nível em décadas sob Trump, disse que a eleição é um assunto doméstico e que “não tem posição a respeito”.
A Human Rights Watch, com sede em Nova York, um dos principais grupos de direitos civis do mundo, alertou sobre a necessidade de guardar julgamento sobre os resultados até que cada voto seja contado. Com um número muito alto de cédulas pelo correio este ano por causa da pandemia de Covid-19, espera-se que as contagens completas levem dias em alguns Estados.
Por Luke Baker em Londres, Libby George em Lagos e Daria Sito-Sucic; reportagem adicional de Stephanie Ulmer-Nebehay em Genebra, Crispian Balmer em Roma, Justyna Pawlak em Varsóvia, Andrew Osborn em Moscou, Gabriela Baczynska em Bruxelas e Tony Munroe e Gao Liangping em Pequim
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