Pernambucanos têm tido dificuldade para compor o clássico prato com arroz, feijão e carne, devido à alta acumulada de mais de 20% no preço cobrado nos açougues. Com a economia desfavorável, a alternativa tem sido diminuir a qualidade da refeição e recorrer a ossos e ovos.
"Antes, a gente comprava carne. Hoje, não mais. Está tudo caro. Você não vai mais na venda para comprar dois quilos de carne", afirmou a empregada doméstica Betânia Ramos.
De acordo com Rodrigo Nepomuceno, dono de um açougue, depois do reajuste do preço da carne, aumentou muito a procura por ossos.
Isso porque as pessoas utilizam o subproduto da carne para fazer sopas e caldos. Somente no estabelecimento dele, são vendidos 500 quilos de ossos por mês.
“Há falta, porque como é um subproduto, a gente não tem como produzir uma quantidade maior. Depende da desossa, da quantidade de carne que a gente vende. Se eu tivesse o dobro de osso para vender, venderia. O preço também aumentou, porque o custo da carne subiu. Era R$ 0,99 e agora, R$ 1,99. A gente vai acompanhando o mercado e, provavelmente, semana que vem deve ir para R$ 2,99”, declarou.
Pernambuco é o principal consumidor de ovos do Brasil. Em média, cada morador do estado come 300 unidades por ano, quando, no Brasil, a média de 2020 foi de 251, 9,1% a mais que em 2019.
O estado também se destaca entre os maiores produtores de ovos do país, na quarta posição, com 11 milhões de ovos por dia.
Este ano, com o alto custo da carne, a expectativa é de mais ovos no prato, segundo os produtores. "O crescimento ocorre em função de estarmos trabalhando, mostrando os benefícios, a qualidade do ovo, por ser uma proteína bastante acessível para todas as camadas sociais", disse Lula Malta, vice-presidente da Associação dos Avicultores de Pernambuco.
De acordo com o economista João Rogério Filho, a alta da carne se deve ao crescimento da demanda internacional pela produção brasileira e também pela desvalorização do real.
"Os alimentos subiram quase três vezes a média do crescimento de preços da economia. A carne e demais gêneros alimentícios subiram em média de 25% a 30%, a depender do centro urbano. A tendência é de manutenção desses preços em alta, uma vez que vemos que a instabilidade institucional e o risco fiscal não estão fazendo com que o câmbio volte ao que seria sua taxa normal", disse.
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