Fies Social embala ações do setor de educação na B3
Governo anuncia 100% de financiamento dos gastos educacionais a partir do segundo semestre.
Governo anuncia 100% de financiamento dos gastos educacionais a partir do segundo semestre.
As ações do setor de educação despontam pelo segundo dia consecutivo e figuram entre os poucos destaques de alta da bolsa brasileira. O movimento contrasta com o desempenho apático do Ibovespa, que está à deriva devido ao feriado nos Estados Unidos, o que mantém os mercados em Nova York fechados nesta segunda-feira (19).
Por volta das 16h, as ações da Ser Educacional (SEER3) apagavam a queda de 5,41% registrada ao final da semana passada e subiam 5,36% no pregão do dia. Já a Ânima (ANIM3) devolvia parte da alta de 5,19% na última sexta-feira (16) e caíam 1,79%, no horário citado.
Por sua vez, Cruzeiro do Sul (CSED3) ampliava os ganhos e subia 1,69% na tarde desta segunda, depois de ter avançado 5,60% na sessão anterior; e Cogna (COGN3) avançava 2,1%, repetindo a alta ao final da última sessão. A Yduqs (YDUQ3) também somava 1,26% de valorização hoje, após ganhar 2,52% na sexta passada.
As empresas educacionais recebem impulso do Fies Social, a nova versão do programa do governo federal para financiamento estudantil. Agora, os alunos com renda familiar de até meio salário mínimo poderão solicitar o empréstimo de até 100% do valor da mensalidade de cursos de ensino superior.
Segundo o Ministério da Educação, serão 100 mil vagas para este ano. No segundo semestre, metade das vagas serão priorizadas a grupos minoritários. A expectativa do programa é de financiar por semestre até R$ 42.983,70 em cursos superiores, exceto Medicina. O valor semestral mínimo de financiamento para todos os cursos é de R$ 300.
“A notícia é positiva para as empresas de educação, uma vez que o novo programa de financiamento deve aumentar o uso das vagas do Fies”
RAFAEL PASSOS, ANALISTA DA AJAX ASSET
Ele explica que, por ser voltado à população de baixa renda, o Fies Social deve elevar a capacidade de ocupação nas instituições de ensino pelo programa, passando da faixa atual entre 30% e 40%, podendo chegar a 90%. Com isso, as empresas educacionais devem ter um aumento na receita, devido ao maior número de matrículas.
No entanto, os analistas Leandro Bastos e Renan Prata, do Citi, comentam, em relatório enviado a clientes do banco, que o limite de renda mais baixo sugere um maior foco na população carente, o que pode limitar o alcance do programa. Isso porque o Fies atual atende pessoas com renda de três salários mínimos, porém não financia 100% dos custos.
O Citi também chama a atenção para detalhes limitados sobre o tamanho do programa, como o processo seletivo e o número de vagas por curso, e a contribuição de inadimplência das empresas, atualmente fixada em 27,5%. Para o banco, essas questões dificultam a compreensão do potencial impacto do Fies Social.
Além disso, o financiamento será submetido a condições orçamentárias, lembram os analistas do Citi. Já o analista da Ajax Asset acrescenta que ainda não se sabe se haverá indicadores de qualidade ou preferências em regiões geográficas para o programa. Tampouco se sabe se o programa será direcionado ao módulo presencial.
De qualquer forma, o Fies Social abre um caminho para as investidas do governo ao setor de educação. Segundo a equipe do Citi, o “Novo Fies” favorece um impulso mais ousado em direção às ações voltadas ao ensino superior no Brasil, pois, até então, as iniciativas eram mais centradas no ensino fundamental e médio.
Nesse sentido, podem vir mais mudanças por aí. “É neste contexto, que Ser Educacional (SEER3), Ânima (ANIM3), Cruzeiro do Sul (CSED3) e Cogna (COGN3) deverão ter maior potencial de alta nas projeções. Já Vitru (VTRU) pode ter impacto negativo no médio prazo, em meio à exposição mais relevante ao ensino à distância (EAD)”, avalia Passos, da Ajax.
Além dessas, a Yduqs (YDUQ3) também deve se beneficiar com o Fies Social, avalia a Ativa Investimentos. Segundo a equipe de análise da corretora, ao direcionar o programa para uma faixa de renda de até meio salário-mínimo, o mercado do setor se torna mais acessível a um público que, até então, não era contemplado.
“Trata-se de um público que não conseguia acesso pelo EAD, mesmo com mensalidades bastante atrativas, nem pelo Fies tradicional, que não financia os custos totais com educação”, afirma a Ativa Investimentos, em comentário. Por isso, os analistas da Ativa afirma que a carência de informações não ofusca o fator bastante positivo da notícia.
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